22.12.10

nada do que existe faria sentido se não existisses ao meu lado.
nem o sol, nem o vento, nem a casa.
para nada me serviriam as cores porque és tu que pintas o meu mundo.
de nada me serviriam os sons, que tanto me preenchem.
és tu que os coordenas.
não teria esperanças, memórias, paixão.
de que me valeria viver sem tudo isto?
nada.
é por ti que vivo.
vivo para ti até o nosso amor morrer.
verdeamarelovermelho
ou
vermelhoamareloverde
?

20.12.10

grandes recordações de tempos novos, da minha pessoa pequena.
recordações que nunca julguei recordar enquanto as vivia. nem lembrava que as lembrava.
recordo os sons, as imagens, o cheiro, a sensação.
recordo, hoje, as músicas que cantava quase antes de saber falar. cantava-as de minha melhor forma, que era igual à original. enfim, coisas que fazemos, enquanto pequenos, e que tão grandes nos são. onde viajamos com a nossa imaginação quando somos pequenos, ninguém sabe, só nós próprios. e é bom saber que, passado este tempo, ao ouvir as mesmas musicas, sou capaz de me lembrar de tudo isso. é bom saber que ainda tenho dentro de mim, bem guardada, a imaginação que tinha em criança que é, como em todas as crianças, muita.

puerto rico

4.12.10

olhái!
olhái senhores!
olhái a desgraça!
olhái o terror!
olhái a ameça!
(imaginem a música do star-wars)



quarto 210

Hoje preciso de um pois, preciso de um sim.
O que é que queres de mim, hoje sinto-me assim.

Hoje preciso de um pois, preciso de um sim.
O que é que queres de mim, hoje sinto-me assim.
Ecos de risos, sinfonias de gritos. Como sangue na
barriga de mosquitos.
Hoje preciso de mim.
Mostra o teu jogo. Eu pago para ver

linda martini


27.11.10

saí de casa. nenhum objectivo certo, apenas andar até me apetecer.
caminhei por caminhos tão cheios de promessas quebradas, tão cheios de sonhos espezinhados.
e fui andando, percebendo que a minha cidade não é bem esta. a minha cidade-casa não é aqui, porque aqui eu ando e nada me prende. eu podia ter andado sem parar e nada me impediria. a minha cidade não esta. andei, observando o chão, como fui habituada a fazer, não olhando à volta porque, se me distraía podia cair. andei. andei quase tanto quanto era preciso para que os pés me doessem. não chegaram a doer, por isso acho - tenho quase a certeza - que não cheguei onde queria. nesta minha cidade, forçosamente minha, as memorias surgem de todos os cantos, quase frescas. e, quando dou conta, já passaram há muito, eu é que ainda as pensava cá. as pessoas que por aqui conheci estão recolhidas nos seus novos mundos, com todo o direito. estão recolhidas nos seus novos mundos que já pouco têm a ver com o meu. mas não são só elas que o fazem, sei disso, não as posso culpar, elas não têm culpa. ninguém tem. cada um cresce à sua maneira e ritmo. mas tenho algum medo que elas não saibam que ainda fazem parte do meu mundo. os minutos do futuro serão sempre as memorias do meu passado. elas tem a sua parte. mas já não estão cá. existem mas não estão, como diz a carol. e dói-me saber que o meu mundo está noutro sitio hoje. e por muito que me digam que é uma fase, por muito que me digam que... sei lá! o que disserem... não me conformo. porque eu quero ser o que era, ser outra, ser melhor do que sou. queria... sei lá. quero tanto coisa que me escapa o que sou. entre idas e vindas sei lá de onde, perco-me em pequenos recantos onde não me importava de ficar perdida para sempre.
hoje preciso de mim, mas eu não estou cá.
pergunto-me se existo.

25.11.10

entrou-me um raio de um trovão em casa, pela chaminé da cozinha. destruiu tudo em quanto tocou e por pouco não me atingiu a mim, por pouco não me deixou estendida no chão, inerte, imóvel.
entrou um raio de um trovão em casa, pela chaminé da cozinha, e isso trouxe a nostalgia de uns tempos passados que desejava não existirem.
entrou um raio de um trovão pela chaminé da cozinha que me fez lembrar de ti, nas noites em que chegavas, já tarde, quase de dia. fez-me lembrar da tua pessoa alterada pelas substancias que a raça humana teve necessidade de inventar para se tornar mais - ou menos - humana. da mesma maneira que o raio do trovão me destruiu o telefone, as jarras de flores que gosto sempre de ter, também tu destruíste o que me levou quase a vida inteira a reunir. as fotografias da nossa vida aparente e momentaneamente feliz e paradisíaca, penduradas um pouco por todas as paredes, deitadas ao chão. todas.
entraste em casa, bateste com a porta, e logo aí me acordaste. fizeste gestos que nunca assumiria como teus. tu estavas ali, mas não eras tu. entraste, irritado, e amaldiçoando alguma coisa que nunca cheguei a perceber o que era. acendi as luzes e tu estavas encostado à porta da sala, pendurado na porta da sala. acendi as luzes todas, apesar de me custar abrir os olhos. lançaste-te na minha direcção, cambaleando furiosamente, grunhindo com ódio e eu não percebia o porquê. o porquê do teu ódio, o porquê de estares assim. lançaste-te a mim, agarraste-me como nunca me tinhas agarrado. tu querias usar-me. usar-me como tinhas prometido que nunca ias usar, usar-me como um objecto que está lá para ti. começaste querer tirar-me a roupa mas eu não queria. eu não queria ser o teu objecto de diversão, muito menos estando tu no estado em que estavas. atiraste-me para o sofá e caíste em cima de mim. e eu disse para mim mesma: 'não vais deixar isto acontecer'. empurrei-te para o chão. 'não quero ser usada por ti' gritei eu com toda a força que tinha. gritei uma e outra vez. e tu, tentavas sempre usar e abusar de mim sem eu querer. empurrei-te para o chão com mais força ainda. com a força suficiente para que tivesse tempo de me levantar e sair dali antes que tu tivesses tempo de me agarrar novamente. fugi para o quarto, fechei-me lá dentro. ouvia a casa calma, como depois do raio me ter entrado na chaminé da cozinha. ouvi todo o silencio que a casa carregava. esperei que se fizesse dia, já que não faltava muito. não te ouvia, não te sentia. saí do quarto. não estavas à porta, não estavas no corredor. comecei a sentir um arrepio espinha a cima. entrei na sala, ainda com todas as luzes acesas, e por fim vi a razão daquele silencio, de toda aquela calmaria.
estavas tu, livre de toda aquela raiva que trazias. estavas tu, livre de todas aquelas acções que não te eram normais. estavas vazio daquilo que tinhas sido, há poucos minutos, daquilo que sempre foste. tinhas um fio de sangue a sair-te da boca, um rio de sangue a sair-te da cabeça inanimada. e eu via que faltava um bocado da nossa mesa de vidro que eu não gostava nada mas que tu adoravas. cheguei ao pé de ti, na esperança que fosse só mais uma das tuas partidas de muito mau gosto, mas não. toquei-te com muito receio de que acordasses e fosses o mesmo e há pouco, com muito receio de que estivesses muito frio e que não voltasses a acordar.
estavas frio. frio como nem as minhas mão ficavam quando andava com as mão fora dos bolsos no inverno. larguei uma lágrima. outra. outra. outra. muitas, seguidas.
tive que te dizer adeus de uma forma má.
e o que me custou mais, foi que tu te despediste de mim de uma forma que eu nunca vou esquecer por ter sido tão má.
despediste-te quebrando a tua maior promessa.
adeus, que este adeus é merecido.

23.11.10

os meus amigos começam, pouco a pouco, a ser aqueles que estão para tirar a carta, à porta da escola de condução. aqueles seres enormes e inatingiveis, já quase sou um deles.
agora, tanto quero ser mais do que eles como menos. tanto quero ter a minha idependencia como quero ser pequena outra vez.

22.11.10

hoje, quando cheguei a casa e amarrei o cabelo a olhar para o espelho, senti-me 12º ano.
agora, será bom ou não?

19.11.10


'next time
there'll be no next time
i apologize even though i know it's lies
i'm tired of the games
i just want her back
i know i'm a liar
if she ever tries to fucking live again i'm gona tie her to the bed and set this house on fire'

18.11.10

porque é que tenho uma lágrima no canto do olho?

13.11.10

tinha aqui uma imagem que tenho a certeza que ia ficar bem aqui mas não tive coragem de a procurar.

10.11.10

hoje sonhei que podias desaparecer um dia.
sonhei que tinhas ido, que alguém te tinha levado e que me tinha deixado sem ti. que me tinha deixado a mim e ao teu filho sem ti. procurei por muito sítio, todos os sítios possíveis e impossíveis. onde eu tinha quase a certeza que irias estar e onde eu achava que nunca te encontraria. nada. não te encontrei, nem ao teu olhar, nem ao teu abraço. tinha a nossa vida toda a passar-me à frente, todos os momentos. e tu já não estavas ali, deitado ao meu lado, a dormir que nem um anjo que és. levaram-te e eu sem saber para onde. o mais complicado foi explicar ao nosso filho que te tinham levado e que não sabia onde estavas. ouvi-lo a perguntar-me o que eu não tinha coragem de admitir que me perguntava.
mãe, o pai morreu?
e eu respondia que não, que isso não ia acontecer tão cedo. mas ele insistia.
mãe, fui eu que fiz mal ao pai e por isso é que ele foi embora?
não, não, não. dizia eu. não tens culpa nenhuma. mas ele insistia em dizer que se não te tinham levado pelas asneiras dele, então porque tinha sido? que mal é que ele tinha feito á vida?
e eu perguntava-me o mesmo. o que seria que eu tinha feito de mal para que me tirassem umas das coisas que mais amava? tu não estavas ali. fui à nossa casa na esperança de te ver deitado na nossa cama. nada. não estavas. doeu-me tanto. porque não sabia que pensar. tu já não estavas comigo e, por muito que eu quisesse, não podia ter a certeza que ias voltar. e o nosso filho, que lindo que ele é. vê-lo assim, daquele jeito verdadeiramente amargurado que têm as crianças.
chorei, chorei. chorei pela tua ausência forçada. pela vida que ainda não tínhamos vivido.
acordei.
e vi-te.
amo-te tanto.
nunca me deixes.

7.11.10

Don't tell me that your throat is getting tight
Change your name and find a job
Marry Jenny in the spring
Buy a dog and call him Pete
Push the children on the swings
Think about me now and then
Try to find a peaceful space
Count the days as they go by
Count the lines upon your face
Your heart beats quick and strong
Your mind pores over it all
Don't worry because no one saw me fall


jenny again





obrigada carol :)

6.11.10

as vezes gostava de poder ser mais como todos os outros da minha idade.
dói-me cá dentro, dói muito. dói-me não poder ser como os outros, que têm a liberdade que têm sem que lhes cortem os sonhos e os pensamentos. porque é isso que me parece que me fazem.
todos os dias que por nós passam passam uma vez, e é preciso manter isso na cabeça.
vou fazer 17 anos, sei que para alguns não é muito, mas, para mim, é uma vida inteira já.
já tenho noção que o tempo passa muito rápido. e, por isso mesmo, devemos aproveitar a vida a cada minuto porque nunca mais teremos a juventude que temos hoje. o que é certo é que não mo deixam fazer, não me deixam aproveitar o que me deram, o que é meu por direito. não me deixam aproveitar o tempo como eu gostaria de o fazer, nem por um dia sequer.
não me deixam celebrar, da maneira que eu quero, com quem eu quero.
assim nem vale a pena tentar nada.
pois não?

30.10.10

quem disse que os dias não tem mais de 24 horas?
as 25 horas de amanha deviam ser celebradas de forma especial, segundo a segundo. sem cansaço, chatices e poluição. seriam as 25 horas mais felizes do mundo. faríamos deste dia de mudança de hora o dia universal do acto de festejar. e seriamos todos felizes, ainda que fosse só por 25 horas por ano. neste dia, estaria tudo perto, estaria tudo como cada um quisesse.
é de dias como este que vem amanha, depois da meia noite, que a humanidade precisa.

26.10.10

talvez por me sentir tão cheia de ti já não tenha que escrever.
as palavras já não saem porque, agora que olho para trás, as palavras eram apenas uma forma de mandar as lágrimas para fora sem humedecer os olhos e a cara.
há uns tempos, talvez já longos, dependendo do que cada um considera longo, eu chorava por dentro durante todos os minutos que notava passarem por mim. e tu vieste mudar isso. vieste encontrar-me no canto escuro do meu sofrimento que eu própria criava, apenas por ser como era e por pensar nas coisas como pensava. vieste, viste-me, deste-me a mão para me levantares do chão. puseste-me a admirar um céu azul que eu pensava já não existir. ergueste-me a cabeça, limpaste as lágrimas à minha alma e fizeste-me subir ao céu. fizeste-me mergulhar naquele azul tão intenso e calmo que eu já não achava possível. vieste e limpaste-me o que tinha sujo, mesmo sem te aperceberes do que fazias. acendeste um fosforo dentro da minha cabeça e depressa a sua pequena luz iluminou também o meu coração. e depressa me tornei tua, mesmo se tu não quisesses. porque foste tu que me obrigaste a deixar de olhar o chão, foste tu que, com o todo o teu jeito, me fizeste acreditar mais em mim. foste tu que me fizeste o que sou agora, mesmo que digas que só mudei porque quis. eu quis por ti, porque vale a pena mudar por ti. foste, e ainda és, o anjo que me tirou do canto escuro e que não me deixa lá voltar, mesmo quando apetece.
por isso é que sinto que não te dou nada, porque tu me dás tanto às vezes ajo como se não bastasse. perdoa-me por isso.
como disse um dia Raul Solnado:
'há dois tipos de discurso: curto e comprido. o curto é: obrigado. o comprido é: muito obrigado.'
aplico-te o mesmo porque não sei que mais posso dizer a não ser: muito obrigado

9.10.10

posso não acreditar sequer em Deus, mas tenho algum respeito no que toca ao assunto. respeito quem acredita, respeito quem defende. mas não posso respeitar alguém que diz que acredita Nele e que segue as Suas regras quando a maior parte das coisas que faz é desrespeitá-las. e conheço-te suficiente bem para saber que das Suas 10 regras tu não respeitas nem metade. tu fazes a merda toda e depois esperas o Seu perdão? tu roubas, bebes mais que a conta, fumas, és guloso, não controlas os teus pensamentos, fazes sexo por prazer, trais a confiança de quem tu chamas amigos, usas o nome de Deus em vão. não chega? queres perdão por usares e abusares da vida? achas que o mereces? e fazes suposições do que eu ou quem quer que seja pensa ou faz. dizes que não me aproximo de ti inconsciente e involuntariamente? achas mesmo? eu não me aproximo de ti porque já tiveste todas as oportunidades que merecias, tiveste ainda mais que isso. e eu deixei-me abusar demais, não só por ti, mas por todos os que me magoaram até hoje. não me venhas falar em perdão quando foi isso que eu fiz até hoje, e ainda o faço, por erro meu ou não. só que contigo já aprendi. a tua amizade não é nada. é uma amizade oca e que só te serve quando precisas. por isso, guarda-a para quem quiseres, não tentes mais gasta-la comigo. continua a tua vida que, quer queiras quer não, é de pecador, não interessa quantas vezes pedes perdão. porque eu sei que não sou Deus, mas, para mim, já basta de perdão. foram já demasiadas vezes. e não me basta que me cantes uma canção ou que me digas um poema para ficares outra vez no estatuto que estavas.
pensa no que dizes , fazes e escreves. nos nomes que evocas. pensa se os conheces mesmo e não precisas de os conhecer muito para saber que quebras muitos dos seus princípios básicos.
cresce.
cresce mas não me apareças mais.

8.10.10

ás vezes tenho medo que me deixes. tenho medo de fazer alguma coisa de mal sem querer. és tão especial que sou capaz de tudo para te ver feliz. sou capaz de tudo para te proteger, mesmo sabendo que, para mim, é sempre dificil fazê-lo por tu seres tu. e, quando penso que estou a fazê-lo correctamente, afinal não estou, só estou a fazer mal. perdoa-me meu amor, que não mereces nada de mal, que não mereces as minhas más atitudes. juro por tudo que não faço por mal. nunca me deixes, nunca me esqueças porque eu nunca o farei.
até já

5.10.10

Fora tu,
reles
esnobe
plebeu
E fora tu, imperialista das sucatas
Charlatão da sinceridade
e tu, da juba socialista, e tu, qualquer outro
Ultimatum a todos eles
E a todos que sejam como eles
Todos!

Monte de tijolos com pretensões a casa
Inútil luxo, megalomania triunfante
E tu, Brasil, blague de Pedro Álvares Cabral
Que nem te queria descobrir

Ultimatum a vós que confundis o humano com o popular
Que confundis tudo
Vós, anarquistas deveras sinceros
Socialistas a invocar a sua qualidade de trabalhadores
Para quererem deixar de trabalhar
Sim, todos vós que representais o mundo
Homens altos
Passai por baixo do meu desprezo
Passai aristocratas de tanga de ouro
Passai Frouxos
Passai radicais do pouco
Quem acredita neles?
Mandem tudo isso para casa
Descascar batatas simbólicas

Fechem-me tudo isso a chave
E deitem a chave fora
Sufoco de ter só isso a minha volta
Deixem-me respirar
Abram todas as janelas
Abram mais janelas
Do que todas as janelas que há no mundo

Nenhuma idéia grande
Nenhuma corrente política
Que soe a uma idéia grão
E o mundo quer a inteligência nova
A sensibilidade nova

O mundo tem sede de que se crie
Porque aí está apodrecer a vida
Quando muito é estrume para o futuro
O que aí está não pode durar
Porque não é nada

Eu da raça dos navegadores
Afirmo que não pode durar
Eu da raça dos descobridores
Desprezo o que seja menos
Que descobrir um novo mundo

Proclamo isso bem alto
Braços erguidos
Fitando o Atlântico

E saudando abstractamente o infinito."

Álvaro de Campos

Fernado Pessoa

1.8.10

é uma estrada como esta que quero percorrer contigo.
para sempre.
e, em todas as paragens que nos apetecer parar, vamos ter a nossa casa à nossa espera, porque a nossa casa é todo o mundo, a nossa casa é o que nós quisermos. nós temos esse poder.
vamos percorrer todas as estradas, de uma ponta à outra. às vezes sempre em frente e outras fazendo inversão de marcha. mas passaremos por todas, isso é que eu tenho a certeza.
e é contigo que quero descobrir tudo aquilo que nos rodeia. é contigo que quero ter a certeza que o para sempre feliz existe. é contigo que percebo e quero continuar a perceber que o infinito é muito maior do que eu já o descubro.
sim, é contigo.
meu amor, meu anjo da guarda, deixa-me só quando já não fores feliz ao meu lado.
amo-te

28.6.10

eu não gosto de ser aquela que fica de parte, aquela que nunca sabe o que se fala, o que se passa. não gosto de sentir que as pessoas começam a afastar-se de mim porque eu não estou lá como todos os outros. não gosto de ser a menina dos papás que nunca pode fazer nada.

eu só queria ter a oportunidade que fazer algumas coisas que toda a gente da minha idade, ou quase toda, faz. eu só queria essa oportunidade. e este verão ainda não começou. dói-me tanto. dói-me mesmo muito. nem todas as lágrimas que já chorei são capazes de mostrar como me dói tudo isto. como me doí estarmos quase em julho e eu não ter ido à praia como deve ser uma única vez porque os meus pais não deixam. de estarmos quase em julho e de ainda estar em ílhavo a dormir, porque o meu pai decidiu ser do contra e dizer que não vamos para a costa porque não. doem-me essas coisas do meu pai, que parece fazer de conta que nunca foi (e é) filho, que parece que nunca passou pela mesma fase que eu passei. agora diz-me, porque é que eu tenho que me submeter a isto? porque é que quando eu peço para me terem em consideração vocês parece que não ouvem, parece que não estou cá a dizer o que digo. porque é que tenho que ouvir da tua boca, mãe, que sou a razão pela qual tu e o pai discutem? porque é que o dizes? porque é que dizes que, por discutirem, qualquer dia rompem de vez? porquê? eu sou vossa filha e não devia ter que ouvir isso, muito menos da tua boca, mãe. e tu sabes, tão bem como eu, que o verão já não vai ser verão como foram os outros. já perdemos o que mais gostávamos na costa, já perdemos isso. aquele cheiro de que tanto gostamos. e porquê? porque não fomos para a costa porque o pai disse que era porque não. apenas por isso. por uma criancice do meu pai, por uma luta que ele começou e que não conseguiste superar. é injusto, para mim. não digo que não o seja para ti, não digo que não o seja para o pai. mas para mim, é. é injusto eu não poder aproveitar o que a vida me dá, o que a vida nos deu a nós porque o que temos não é apenas meu, nem apenas vosso. é de todos. e, se vocês não o querem aproveitar, têm mais que aceitar que eu quero, que eu preciso de aproveitar.não quero deixar os meus sonhos morrer. se eu não aproveitar agora, quando o farei? e dói, eu sei que vos dói ver-me crescer. eu percebo que vos seja difícil este confronto que vos faço diariamente, que vos seja difícil arranjar respostas para todas estas perguntas. eu sei que é difícil. mas também ninguém disse que seria fácil. e não se esqueçam, vocês já tiveram a minha idade, e podem lembrar-se de como isso era, e podem tentar perceber as minhas angustias, as minhas crises que são próprias da idade. mas eu nunca fui da vossa idade, nunca fui mãe nem pai, e, por muito que eu tente perceber, por muito que eu me ponha no vosso lugar, nunca vou saber o que sentem mesmo. só o vou saber quando por aí passar. mas, por favor, tentem lembrar-se de como era, quando tinham a minha idade. por muito diferentes que as coisas estejam, há delas que ficam sempre iguais.

desculpem-me por crescer, mas é assim que a natureza ordena. o tempo passa e não perdoa. mas, por favor, não ignorem as minhas mágoas e não as façam menos relevantes do que são. porque, como se devem lembrar, isto parece o fim do mundo.

27.6.10

daniela



ultimamente tens-me andado um pouco atravessada no meu pensamento, e acho que é por isso que ando assim tão afastada de todos os que fazem parte da minha vida agora.
olha como mudámos. olha para nós aqui, olha para o que nós éramos e para o que nós prometemos não mudar nunca. e olha para nós agora.
ainda tenho atravessada em mim a separação que só a mim me custou e que para ti foi, segundo me pareceu, indiferente.
olha para as fotografias e penso no presente.
olha para ti agora, tão diferente do que eras.
ainda ma custa a crer que deixei que se pusessem no nosso caminho.
e agora, que penso no facto de ires repetir um ano. agora, que penso que te 'ultrapassei' de alguma forma e que 'perdeste' um ano da tua vida. agora, que penso no que regrediste na tua vida por coisas fúteis que pensava que não te importavam. agora eu tenho pena. tenho pena que te tenhas perdido por pessoas que não têm valor nenhum.
sei que posso soar convencida, sei que posso soar mal ao dizer que te faço falta, que te fiz falta quando fui para aveiro e que tu não tiveste força para por o teu orgulho de lado para me poderes dizer isso. sei que posso soar mal quando digo que te tornaste noutra pessoa, nessa pessoa que te comanda. que te tornaste naquilo que tanto criticavas. sei que posso soar muito mal mesmo quando digo que quero que isso se foda. que quero que se foda o facto de estares assim.
eu quero que cresças, só isso. cresce, daniela, cresce.
agora que vais mudar de escola e que vais ter que te integrar num grupo que já está formado sem que ninguém te apoie. agora é que é altura de crescer, visto que não o fizeste antes.
e se as pessoas acham que eu já não sou tua amiga, é porque não sabem o que é isso. porque, como eu aprendi e como eu sempre digo: amigo não é aquele que, quando está mal, diz que está bem. não é aquele que diz que tu é que tens sempre razão. não é aquele que te diz que a tua mãe exagerou na reacção. não é aquele que só chora contigo. não é aquele que aceita um 'não se passa nada' como resposta quando sabe que se passa alguma coisa. não é aquele que te dá umas palmadinhas no ombro. amigo, é aquele que te diz que está mal, quando está mal, e que diz que está bem quando está mesmo bem. amigo, é aquele que confronta duas partes e que pondera e conversa contigo. amigo, é aquele que chora contigo e por ti, mas também ri e faz sentir bem. amigo, é aquele que não descansa enquanto não te arranca tudo de mau que trazes contigo, é aquele que te abraça sem ser preciso pedires. amigo, é quem está lá mesmo parecendo não estar. e, se as pessoas acham que eu não já sou tua amiga só porque não falo contigo, enganam-se. assim como tu também deves estar enganada. se há coisa que eu quero, é que tu sejas feliz e que tenhas pessoas à tua volta que se preocupem contigo e que gostem de ti simplesmente por seres o que és, como és.
já vão quase dois anos que tirámos esta foto, lembraste do dia? dois anos que passaram.
já vão mais de 5 meses que não falamos, quer dizer, que eu não te digo nada, porque sem falar já estamos para aí à um ano. 5 meses e eu continuo a pensar em ti, continuas a doer-me cá dentro. será que isto é justo? será que para ti desapareci, que não te faço falta nenhuma? e dói-me tanto ter estas perguntas cá dentro. e vai doer-me mais quando tiver a certeza dessas respostas que já se fazem tão evidentes. é claro que é justo, até parece que nunca ouvi dizer que cada um tem aquilo que merece. é claro que não te faço falta, é claro que não te afecto se passo por ti na rua sem te dizer nada. é claro que, para ti, já não existo, que já desapareci. caso contrário, tu tentavas alguma coisa. caso contrário, não te fechavas no quarto de cada vez que vou a tua casa.
não te disse nada ainda. não te mostrei nada comparado ao mal que me faz ver-te tão desfigurada. mas eu tentei.
eu tentei dizer.
hoje fiz uma coisa que não sei se devia ter feito.
mas já a fiz.
verão, quero-te.
tentei eu gritar-lhe.
verão, quero-te, não me deixes.
não vale a pena gritar-lhe mais e implorar-lhe que venha, implorar-lhe que fique, implorar-lhe que nunca mais vá embora porque eu não consigo ficar longe dele.
vem verão, vem. não me deixes aqui assim, sem ti.

23.6.10

Verão

querem roubar-te de mim, Verão, que tanto me és desde que me lembro. querem roubar-me o cheiro a são joão da Costa, querem roubar-me os por-do-sol que sempre via e que sempre lembro. querem roubar-me os teus salpicos do mar e o barulho das tuas ondas. querem roubar-te de mim, Verão, como se lhes pertencesses. querem apagar de mim todas as marcas que me deixas, querem que já não haja magia à noite, que já não haja praia por todos os lados e sol e vento e areia e mar e céu. já não te querem em mim, como se tu fosses dispensável, como se tu não valesses nada para ninguém. mas, para mim, vales. e vales muito, Verão dono do Sol, rei dos meus dias. vales tanto que quase ninguém faz ideia. o Verão que me ajuda a pensar, que me purifica. querem roubar-te de mim, a ti, que quase te sinto como um Pai.
Verão, vais deixar?

21.6.10


hoje pergunto-me se não serias mais feliz do que és, se eu não existisse como existo para ti. às vezes, imagino-te tão mais feliz sem mim que começo a pensar que sou só eu que te vejo feliz ao meu lado e que só eu sou feliz neste amor.
já há algum tempo em que penso este é o amor da minha vida, por muito que eu pensasse que não acreditava nisso. já viste como mudei tanto contigo, meu amor? e penso na minha vida contigo ao meu lado, nos bons e nos maus momentos.
imagino-te pai dos meus filhos.
mas depois, como pessoa racional que não consigo deixar de ser, tenho muitos pesadelos em que sonho que tudo vai acabar de uma forma que eu nunca imaginara. acontece alguma coisa e acaba tudo, muito mais depressa do que começou e, dias depois, vejo-te mais feliz que nunca com outra pessoa.
e eu choro, choro muito, porque, apesar de estares mais feliz, custa-me ver que 'perdeste' tempo comigo quando podias ter sido muito mais feliz com essa outra pessoa. e vivo feliz, mas nesse desassossego constante de que os meus pesadelos se tornem realidade e acabe tudo. tenho medo que te levem embora porque te amo demasiado para que te levem agora. tenho medo que descubras em mim coisas que tu não gostas e que não consigas abstrair-te delas para ficares comigo.eu amo-te tanto, meu amor. e eu juro por tudo que so te quero bem.
e eu sei, eu sei que agora dizes que é comigo que estás bem, eu sei disso. mas tambem sei que se mudam as verdades e que a verdade de hoje pode não ser a verdade de amanhã. mas só te peço uma coisa: se hiuver algum dia em que a tua felicidade ao meu lado acabe, diz-me. eu só quero é ver-te feliz, muito feliz.
amo-te e sinto a tua falta Sol.

tenho quase a certeza que podia ter escrito alguma coisa linda sobre isto.

16.6.10


hoje é um daqueles dias em que parece que tudo o que fazemos é mal feito. um daqueles dias em que devíamos ter ficado na cama sem mexer, em que devíamos ter ficado calados, em que devíamos ter calado os pensamentos que nos torturam o interior do crânio e da alma. hoje não está a ser um bom dia, e não me perguntem porquê, porque eu não sei.

amanhã já passa.

amanhã vai ser mais fácil não sentir.

amanhã vou ter paz.

14.6.10

13

já me deste muito mais meu amor.
obrigada.

3.6.10


é rara a pessoa que não escreve bem quando perde um amor que tinha ou quando não tem um amor que deseja.

26.5.10

hoje queria ter escrito um texto. um daqueles textos que escrevia há um tempo a trás, quando a dor que sentia era tão incontornável que tinha que sair por algum lado. e era pelas letras que ela saía, por mais sítio nenhum. mas eu não consegui, já não consigo fingir que não sinto a dor. por isso, hoje escrevi apenas uma frase que já há uns dias me preenche a cabeça:
o Amor é uma droga.
e não consegui mais. talvez porque agora o amor me é alguma coisa e porque tenho medo de escrever o que quer que seja, mesmo que esse medo seja inconsciente. porque agora tenho uma representação física do que é, e do que pode ser o amor, em pessoa. apesar de ter essa representação não deixo de pensar que o amor é mesmo uma droga.

23.5.10

olhei para uma joaninha e perguntei-me:
'isto é mesmo uma andorinha?'

19.5.10


e é com um sorriso na cara que recordo cada palavra das conversas que tivemos pelas noites fora, num verão fora de tudo. num Senhor Verão que teve muito dentro dele. lembro-me bem das jantares da mãe e das corridas na praia a fugir dos são joãos. lembro-me dos apagões e lembro-me como falávamos tanto de tantas coisas.
eu sei que, por muito longe que pareçamos estar, estamos perto. porque há um laço que nos une, bem cá dentro, e nós sabemos bem disso, não sabemos?

14.5.10

há três tipos de homem: os vivos, os mortos e os que andam ao mar.

30.4.10

senti que aquele fora o teu último jantar. mesmo antes de me ir embora vira a morte a passar pelos corredores já vazios de ti e vi-a observar-te, a ti, ao teu sorriso. morreste nessa noite. e pareceu-me tão familiar a tua morte, desculpa dizer. voltei no dia seguinte porque tinha um pressentimento que não te encontraria. encontrei o teu corpo, mas já não eras tu. e nunca esquecerei o silencio daquela casa que já não tinha ponta de vida. o silencio pesado da morte quebrado unicamente pelo barulhos dos poucos carros que passavam lá fora. fiquei em pé ao lado da tua cama, ainda esperançada que abrisses os olhos. antes de ter coragem de te tocar abri as cortinas e as janelas. observei a tua cara serena. estavas feliz e em paz, que eu sei. há muito que querias que isto acontecesse. e quase que não tive coragem de me aproximar mais da cama. encostei-me à parede e escorreguei até ao chão. estiquei as pernas abertas como fazia quando era pequenina, enquanto tu dormias e julgavas que eu estava ao teu lado a dormir também. fiquei assim muito tempo. entardeceu, anoiteceu e eu ainda sem coragem para te tocar e realmente verificar que estavas morta. mas tinha que ser, e eu sabia-o.
passei a noite toda à espera de ter coragem de te tocar e de te sentir fria e morta.
o sol levantou-se de novo e eu levantei-me com ele, abri as janelas de casa e deixei que as cortinas voassem ao contrario do que tu gostavas, desculpa. voltei ao teu quarto e mantive-me à porta. não queria, mas tinha que ser. aproximei-me, em passos lentos. aproximei-me da tua cama que agora já não era tua. aproximei-me do teu corpo que agora já não era teu. estendi o braço, abri a mão por cima da tua cara.
toquei-te.
estavas fria, como sabia que ias estar mas como eu não queria que estivesses, como eu não queria acreditar que estivesses.
arrepiei-me.
de repente, tive a sensação de te ver sorrir, apesar de tudo. vi a tua expressão mudar. acho que nunca te tinha dito:
gosto muito de ti
disse-te nesse momento que já era tardio. 'mais vale tarde que nunca' mas aquele momento já tinha passado para lá do tarde, para lá do nunca. depois chamei alguém que me pudesse dizer o que podia fazer, aquela era a minha primeira morte. vieram buscar o que restava de ti mas que já não era teu. já não era de ninguém. morreste.
e eu tinha-o sentido mesmo nesse último jantar. tinha sentido que seria o último. e, afinal, foi mesmo.
adeus, dorme bem, bons sonhos.

escrito por: Francisco da Maia

28.4.10

concurso ou não concurso?

22.4.10

desci à cozinha ia a tempestade a começar. não sei se lá fora ou cá dentro deste único espaço que cada vez mais deixa de me pertencer. tinha a casa mergulhada no escuro interrompido pelos relâmpagos de uma chuva tempestuosa. descalça ,senti a tijoleira fria do chão da cozinha. fiquei parada à porta da cozinha a pensar em ti, a ver a tempestade que tanto me inquietava, pela janela, lá no fundo. que medo que me dá esta tempestade. virei costas à janela para abrir a porta do frigorífico. tirei o sumo e bebi, ainda com a porta aberta. olhei a cozinha agora iluminada pela luz fraca - quase tão fraca como eu - do frigorífico.
sinto a tua falta e tu não vens.
aproximei-me da janela ainda fechada e desejei como nunca ver-te a chegar. ver a tua sombra, ver o teu caminhar. esperei, esperei, passei muito tempo à espera. abri a janela, chamei por ti, fechei os olhos e gritei o teu nome. mais do que uma vez. cantei o teu nome à chuva, à luz e ao céu. a tudo aquilo que estava a acontecer. perguntei ás nuvens o que era de ti, perguntei às gotas que escorriam nos vidros da casas, perguntei às casas que deixavam com que essas gotas escorressem sobre elas, perguntei aos gatos escondidos debaixo dos carros e perguntei às pedras do chão: ninguém sabia, nada sabia. percorri com o olhar o território que me pertencia, todo aquele que eu via: nada, em parte nenhuma.
fechei a janela, que entretanto tinha aberto. subi as escadas do pódio dos sofridos, fiquei em primeiro. subi mais um pouco e saí ao terraço. em segundos houve uma fusão das tempestades que há pouco me pareciam tão distintas. abracei-me às nuvens e apertei-as muito de tanta raiva tinha da tristeza de tu não vires. juntei o meu corpo às nuvens que descarregavam no chão que também era eu, juntei-me às casas, aos gatos, às gotas, à chuva. descarreguei tudo em tudo. e também procurei por ti tão longe quanto podia fui até onde as nuvens se estendiam e até onde o vento - que era pouco nessa noite - me levou. cansei de procurar e de descarregar em mim própria o facto de tu não estares. deitei-me no chão cansado e gasto, cansada e gasta. a tempestade amainou e começou a amanhacer. veio o sol.
ficarei à espera.

11.4.10

e eu esperei por ti, no silêncio ensurdecedor daquela paisagem que se abatia por baixo de mim. eu esperei por quem não prometeu vir, numa tarde fria. olhei mais uma vez para o vazio. o vazio que era a falta de quem não estava. tentei lembrar tudo na minha cabeça, mas não havia nada para lembrar realmente. nada do que se passara passara realmente. tudo fora minha imaginação, no fim de contas. ouvi o silêncio mais uma vez. o pesado silêncio que a paisagem fazia, o barulho que não suportava mais ouvir, aquele silêncio.
esperei.
como observei o sol e a sombra, cada dia do tempo em que tu estavas ainda para vir. como vi o ciclo repetir-se dia a dia. como fiquei sentada ali, naquele lugar que já se fartava da minha espera por ti. e observei mais uma vez a paisagem, com os olhos abertos. depois fechei-os, continuei a vê-la. estava já tão habituada. ouvi o silêncio pesaroso mais uma vez. vez essa que desejei ser a última. tapei os ouvidos, baixei a cabeça.
deixei-me cair, sem ver a queda.
quando vieres, já será tarde.
adeus.

30.3.10


tenho saudades tuas
o medo que eu tenho
o medo que tenho que vás embora.
o medo que carrego comigo sempre que não estás perto, medo que já não possa voltar para junto do teu abraço.
medo que o que ainda agora começou seja forçado a acabar, mesmo sem nós querermos.
medo que te afastem de mim.
medo porque podes sair da minha vida.
medo disso como medo do escuro.
medo de nunca mais te ver.
medo que te esqueças de mim.
medo que já não gostes de mim pelo que me dizem ser, afinal.
medo que te fartes de me dizer que sou forte.
medo por gostar tanto de ti.
medo de te perder.
medo de tanto medo.

28.3.10

olha para esta paisagem.
agora imagina-a sem casas. sem estradas.
imagina que o teu carro deixa de existir, assim como todos os outros carros.
imagina que estás comigo.
imagina os campos, que te parecem não ter fim, sem cercas, sem impedimento algum.
imagina-te a correr até fartar nesses campos.
imagina-te a rebolar na erva fresca com o sol a bater-te em todo o corpo estendido.
imagina um charco livre de todas as impurezas, de todas as poluições.
imagina a frescura dessa água no teu corpo nu e quente.
imagina essa água limpa que te percorre o corpo e te chega à alma.
imagina a forma como boias nessa água.
consegues sentir a frescura?
consegues sentir que o mundo é nosso e que a brisa que percorre a sua superfície é parte da nossa respiração?
imagina que corres até ao mar.
imagina o mar.
imagina as ondas a bater na pedras e o mar a chamar por ti.
fecha os olhos, depois de leres isto.
diz-me se consegues imaginar um mundo onde és livre e onde não és condenado por nada. onde fazes o que sentes. imaginar um mundo onde fazer o que se sente é bom e não condenavel por ninguém, porque é o que cada um sente.
eu consegui.

23.3.10

o verão está a chegar-me.

dei por mim, hoje, a reviver episódios passados. era essa a razão da minha ausência para a realidade que vivo todos os dias. era essa a razão do meu não sorriso. há músicas que aconselho que não cantem ao pé de mim. aconselho e peço, por favor, peço bem alto e grande:
por favor, há músicas que não podem cantar ao pé de mim.

22.3.10

20.03.2010 21.03.2010

19.3.10

depois de um fim de dia como este, em que mais valia não ter chegado a casa, mais valia ter ido ao quarto de banho ou, quem sabe, ter ido ver televisão para a sala... talvez assim me safasse. o que acontece é que não o fiz, nada do que escrevi em cima. eu fiquei na cozinha depois de o meu pai ter começado a falar. e, sabes, aquela sensação de que não fazes a mínima ideia do que se fala? mas imagina um pouco mais que isso. era assim que eu estava no meio daquela discussão.
e, depois, fomos jantar a casa dos tios. depois de eu dizer que já vinha, nós fomos. e eu não estava lá, porque eu estou farta destas merdas. estou farta de não saber as coisas ou de saber demasiado. eu não quero nada disso.
deitei-me no quarto de minha prima que já tinha ido embora. deitei-me na cama de quem já não estava ali. e ninguém perguntou por mim, ninguém chamou, ninguém procurou. e essa foi uma daquelas alturas em que tu pensas assim: o mundo não se importa se eu estou ou não. as pessoas não notam a tua ausência, não sentem a tua falta. neste mundo já não há nada disso. e parece que nestes momentos as vozes ficam todas mais altas, ainda mais quando fechas os olhos e começas a sentir todo o teu corpo pesado e cansado de um mundo assim. é nessa altura do dia em que pensas que já não faz sentido estares viva porque isso não muda nada à tua volta. é nessas alturas que eu fico enervada. enervada porque não me chamam, por muito quieta que eu queira estar. enervada por pensar que não faz diferença eu estar ou não ali, no quarto, ou morta, numa cova. enervo-me por dentro e bato em mim mesma por pensar assim. e é nessas alturas que me apetece correr. correr muito muito muito. quando eu estou enervada não me canso. gosto de correr, faz-me sentir viva por sentir o meu coração a bater mais forte e por ouvir a minha própria respiração ofegante e por precisar de parar mas não o fazer e continuar sempre sempre. gosto de sentir o vento fresco na cara quente, e correr à chuva tem sempre um gosto especial, embora o faça poucas vezes. agora apeteceme correr, correr em frente e não para mais. correr para longe daqui, para longe de tudo. quero ir correr para o mar, quero correr mar a dentro.
hoje, apetece-me correr para longe daqui e não mais voltar.

12.3.10

hoje quase que escrevi

9.3.10

nada melhor do que comer alguma coisinha...
mesmo estando com 'qualquer-coisa-gite'

5.3.10

de facto, procurava-te por todo o lado. sei que já escrevi isto muitas vezes, mas não consigo deixar de me achar cega quando não vi que estavas aqui, sempre. procurei por cima dos telhados, por entre as sombras, por entre o escuro das noites de lua cheia apagada. procurei-te entre os salpicos do mar de Verão, procurei onde já conhecia e onde só encontrei sofrimento. procurei onde não havia nada. procurei em sítios que me iludiram, em pessoas que me iludiram. procurei em todo o lado. e, quando reparei que estavas mesmo aqui, não queria acreditar. por isso é que levei algum tempo a associar tudo, a digerir o que sentia para não me atirar de cabeça.
tiraste-me de um tormento constante, de uma culpabilização interior que não se reflectia no exterior, de um poço vazio que parecia não ter fim, de uma queda do céu sem pára-quedas, de um frasco gelado, do meio de um conjunto de recordações que eram lembradas indevidamente porque me faziam viver no presente com uma ideia errada de um passado que não quis apagar por não ter um futuro certo, um passado que nem foi tão bom quanto isso mas que me fez acreditar que o futuro podia ser.
obrigada por teres conseguido fazer o que mais ninguém fez. obrigada por me deixares descansar nos teus braços, depois de tanta procura. obrigada, meu amor.
sei que tenho que escrever. sei que sim. alguém me quer dar tema?

1.3.10

rita





não precisas de ir longe. às vezes o que procuras está tão à tua frente que nem consegues ver. como quando pões o livro muito perto da cara e não consegues distinguir as letras, sabes?
eu procurei, durante muito tempo, o que estava sempre ao meu lado. fui embora, procurei noutro lugar longe. provavelmente nós achamos que tudo tem que ser mais complicado do que é, de facto. mas não é, acredita em mim. não tens que virar mais esquinas. pára, olha à tua volta. pára a meio do dia e tenta ver. pára a cada segundo e pensa que quem te rodeia te quer bem e feliz. falo por mim, pelo menos. vais ver, rita, que nem tudo é tão mau como pensas, que os dias não são todos ventosos, que os dias não são todos frios e que há muitos dias de sol para vir. e eu quero trazê-los para nós. sempre que um dia te esteja a ser ventoso quando tu achas que não merece, quando nuvens injustas taparem o teu sol e a tua alegria e vierem derramar a sua carga negativa sobre ti, vem ter comigo. vem ter comigo porque, debaixo do meu casaco - seja ele qual for, daqueles que tu tanto gostas - há sempre um lugar para ti. debaixo do meu casaco há sempre um sol a brilhar para ti. debaixo do meu casaco há sempre uma força super especial que tentará afastar todas as tuas nuvens más e que tentará secar todas a gotas que cairam sobre ti. debaixo do meu casaco terás sempre um abraço sincero. terás sempre, para ti, dois braços abertos à tua espera, mesmo que o dia seja de sol.


não precisas de virar mais esquinas rita. a tua paragem é aqui.



28.2.10

26.2.10

verão, por onde andas tu?

porque é que as pessoas nunca estão satisfeitas? tem que haver sempre alguma coisa que falta, alguma coisa ausente. e é mesmo assim, se não, que seria da nossa vida se tudo fosse bom?


21.2.10

ainda me lembro quando me agarravas pela mão para que eu não levantasse vôo. ainda me lembro como me prendias a atenção quando estavas triste e como me fazias sorrir mesmo que não me apetecesse. lembro-me da saudade que te tinha mesmo quando estavas na mesma sala que eu. e, no entanto, enquanto andavamos pela rua, de mão dada, enquanto tinhamos todas aquelas conversas, enquanto te confessava o quanto gostava de ti... tinha tantas duvidas. não do que dizia, nada disso. tinha duvidas à cerca da tua existencia. duvidava que tu te encontravas ali, comigo. duvidava que eras possivel. eu quase que não acreditava, mesmo acreditando, que tu estavas ali, ao meu lado e do meu lado. e ainda agora acho que estou a sonhar e que não consigo distinguir o sonho da realidade.

20.2.10

sinto que já não há mais razão para escrever. parece que, no fim de contas, aa minha palavras brotavam da dor que eu trazia aqui dentro. vinha da dor que eu pensava sentir. agora que me fizeram ver que, afinal, sou mais feliz do que julgava, agora que me fizeste mais feliz parece-me que já não tenho palavras a dizer. parece-me que o que escrevi em fase sofrida já desvaneceu e já não me revejo, a cada dia, no que escrevi. agora resta-me viver para além das palavras dos texto que tem demasiado escondido entre as palavras que não escrevi.
agora, se estiver mais ausente deste meu novo lugar neste mundo virtual, não se assustem, não morri. se eu não estiver aqui é porque estou onde realemente importa.
a história já começou.
a oração da noite mais linda de todas onde a luz se propagava como se fosse água a correr por um rio. dias que eu não esquecerei mais. obrigada.

17.2.10




parece que a minha vida deu uma volta
obrigada.