25.11.11

temos que acordar para a vida porque andamos adormecidos.
ligo o piloto automático desde que me lembro e muito poucas vezes há um gesto improvável.
quero desafiar isso.
quero quebrar as barreiras invisíveis que me separam de outro mundo, tão mais cheio de possibilidades que este, que julgo conhecer.
quero abrir os meus braços e sentir o  abraço do sol.
quero fechar os olhos e sentir o vento frio na cara.
quero percorrer o caminho com os pés descalços para que possa sentir este chão que piso.
quero inspirar e sentir em mim toda a natureza de toda a parte.
depois, abrirei os olhos e percorrerei tudo voando com a minha alma pelos meus cantos perdidos de mim. é isso que, por vezes, nos falta.
vamos acordar.
agora é a hora.

22.11.11

apareceste-me de rompante à frente. não contava contigo ali, assim, fingindo não querer saber que eu ali estava. e tu sabias.
apareceste-me à frente e eu não te queria ver. nem pude escolher.
tive comichões nos pensamentos porque não me ocorreu a hipótese de te encontrar. eras o último que esperava ver ali.
por favor, quando voltares, avisa.

("Às vezes é tarde demais, para seguir em frente.
Às vezes é cedo demais, para voltar atrás.
O tempo também é inverso, à nossa vontade.
E às tantas o que nos atrai, já não é verdade.
Porque é fácil não estar no lugar marcado,
E é tão fácil seguir o caminho errado.

Às vezes eu não salto com medo de voar,
Às vezes eu não sonho, com medo de acordar.
Às vezes eu não canto, com medo de me ouvir,
Às vezes eu entendo, que é apenas um momento, e o melhor há-de vir.")




14.11.11

movo-me ao som de melodias lentas e tristes.

movo-me, no pouco esforço que faço de chegar ao chão para me apoiar.
não existe mais nada à minha volta.
tu foste e levaste contigo tudo.
passaste, rente à minha alma.
passaste, rente ao meu cheiro que quase mudaste.
passaste, rente ao meu corpo e fizeste-me suar de tanta força que fizeste para me arrancar o que era so meu.
fiz toda a que pude, porque o que é meu não podia passar a seu teu também.
balancei-me até ao chão, molhado, e ajoelhei-me, já sem forças.
um chão cheio de cacos e buracos e bocados de coisas que vivemos.
um chão que já não podia ter nada.
estou cansada.
preciso de uma casa nova.


6.11.11

não quero que aqueles que eu conheci sejam apenas memórias.

1.11.11

por vezes, o melhor que se faz é não dizer nada. é reduzirmos-nos à nossa insignificância e acreditar que o facto de abrirmos a nossa boca não vai ajudar em nada, que é o que realmente acontece na maior parte das vezes.
o melhor, é calar as palavras que sabemos certas naquele momento e amarra-las a um dos compartimentos do coração, de preferência ao mais movimentado, para que elas se deteriorem e nós esqueçamos que tivemos, um dia, a necessidade de as dizer travada.
calamos, então, favorecendo a situação dos outros mas nunca a nossa, que ficamos com o peso das palavras que não dissemos. que ficamos forçosamente entregues aos remorsos de não termos dito o que queríamos.
e a vida continua, independentemente das palavras que foram ou não ditas.
e nós, feliz ou infelizmente, continuamos com ela.