30.3.10


tenho saudades tuas
o medo que eu tenho
o medo que tenho que vás embora.
o medo que carrego comigo sempre que não estás perto, medo que já não possa voltar para junto do teu abraço.
medo que o que ainda agora começou seja forçado a acabar, mesmo sem nós querermos.
medo que te afastem de mim.
medo porque podes sair da minha vida.
medo disso como medo do escuro.
medo de nunca mais te ver.
medo que te esqueças de mim.
medo que já não gostes de mim pelo que me dizem ser, afinal.
medo que te fartes de me dizer que sou forte.
medo por gostar tanto de ti.
medo de te perder.
medo de tanto medo.

28.3.10

olha para esta paisagem.
agora imagina-a sem casas. sem estradas.
imagina que o teu carro deixa de existir, assim como todos os outros carros.
imagina que estás comigo.
imagina os campos, que te parecem não ter fim, sem cercas, sem impedimento algum.
imagina-te a correr até fartar nesses campos.
imagina-te a rebolar na erva fresca com o sol a bater-te em todo o corpo estendido.
imagina um charco livre de todas as impurezas, de todas as poluições.
imagina a frescura dessa água no teu corpo nu e quente.
imagina essa água limpa que te percorre o corpo e te chega à alma.
imagina a forma como boias nessa água.
consegues sentir a frescura?
consegues sentir que o mundo é nosso e que a brisa que percorre a sua superfície é parte da nossa respiração?
imagina que corres até ao mar.
imagina o mar.
imagina as ondas a bater na pedras e o mar a chamar por ti.
fecha os olhos, depois de leres isto.
diz-me se consegues imaginar um mundo onde és livre e onde não és condenado por nada. onde fazes o que sentes. imaginar um mundo onde fazer o que se sente é bom e não condenavel por ninguém, porque é o que cada um sente.
eu consegui.

23.3.10

o verão está a chegar-me.

dei por mim, hoje, a reviver episódios passados. era essa a razão da minha ausência para a realidade que vivo todos os dias. era essa a razão do meu não sorriso. há músicas que aconselho que não cantem ao pé de mim. aconselho e peço, por favor, peço bem alto e grande:
por favor, há músicas que não podem cantar ao pé de mim.

22.3.10

20.03.2010 21.03.2010

19.3.10

depois de um fim de dia como este, em que mais valia não ter chegado a casa, mais valia ter ido ao quarto de banho ou, quem sabe, ter ido ver televisão para a sala... talvez assim me safasse. o que acontece é que não o fiz, nada do que escrevi em cima. eu fiquei na cozinha depois de o meu pai ter começado a falar. e, sabes, aquela sensação de que não fazes a mínima ideia do que se fala? mas imagina um pouco mais que isso. era assim que eu estava no meio daquela discussão.
e, depois, fomos jantar a casa dos tios. depois de eu dizer que já vinha, nós fomos. e eu não estava lá, porque eu estou farta destas merdas. estou farta de não saber as coisas ou de saber demasiado. eu não quero nada disso.
deitei-me no quarto de minha prima que já tinha ido embora. deitei-me na cama de quem já não estava ali. e ninguém perguntou por mim, ninguém chamou, ninguém procurou. e essa foi uma daquelas alturas em que tu pensas assim: o mundo não se importa se eu estou ou não. as pessoas não notam a tua ausência, não sentem a tua falta. neste mundo já não há nada disso. e parece que nestes momentos as vozes ficam todas mais altas, ainda mais quando fechas os olhos e começas a sentir todo o teu corpo pesado e cansado de um mundo assim. é nessa altura do dia em que pensas que já não faz sentido estares viva porque isso não muda nada à tua volta. é nessas alturas que eu fico enervada. enervada porque não me chamam, por muito quieta que eu queira estar. enervada por pensar que não faz diferença eu estar ou não ali, no quarto, ou morta, numa cova. enervo-me por dentro e bato em mim mesma por pensar assim. e é nessas alturas que me apetece correr. correr muito muito muito. quando eu estou enervada não me canso. gosto de correr, faz-me sentir viva por sentir o meu coração a bater mais forte e por ouvir a minha própria respiração ofegante e por precisar de parar mas não o fazer e continuar sempre sempre. gosto de sentir o vento fresco na cara quente, e correr à chuva tem sempre um gosto especial, embora o faça poucas vezes. agora apeteceme correr, correr em frente e não para mais. correr para longe daqui, para longe de tudo. quero ir correr para o mar, quero correr mar a dentro.
hoje, apetece-me correr para longe daqui e não mais voltar.

12.3.10

hoje quase que escrevi

9.3.10

nada melhor do que comer alguma coisinha...
mesmo estando com 'qualquer-coisa-gite'

5.3.10

de facto, procurava-te por todo o lado. sei que já escrevi isto muitas vezes, mas não consigo deixar de me achar cega quando não vi que estavas aqui, sempre. procurei por cima dos telhados, por entre as sombras, por entre o escuro das noites de lua cheia apagada. procurei-te entre os salpicos do mar de Verão, procurei onde já conhecia e onde só encontrei sofrimento. procurei onde não havia nada. procurei em sítios que me iludiram, em pessoas que me iludiram. procurei em todo o lado. e, quando reparei que estavas mesmo aqui, não queria acreditar. por isso é que levei algum tempo a associar tudo, a digerir o que sentia para não me atirar de cabeça.
tiraste-me de um tormento constante, de uma culpabilização interior que não se reflectia no exterior, de um poço vazio que parecia não ter fim, de uma queda do céu sem pára-quedas, de um frasco gelado, do meio de um conjunto de recordações que eram lembradas indevidamente porque me faziam viver no presente com uma ideia errada de um passado que não quis apagar por não ter um futuro certo, um passado que nem foi tão bom quanto isso mas que me fez acreditar que o futuro podia ser.
obrigada por teres conseguido fazer o que mais ninguém fez. obrigada por me deixares descansar nos teus braços, depois de tanta procura. obrigada, meu amor.
sei que tenho que escrever. sei que sim. alguém me quer dar tema?

1.3.10

rita





não precisas de ir longe. às vezes o que procuras está tão à tua frente que nem consegues ver. como quando pões o livro muito perto da cara e não consegues distinguir as letras, sabes?
eu procurei, durante muito tempo, o que estava sempre ao meu lado. fui embora, procurei noutro lugar longe. provavelmente nós achamos que tudo tem que ser mais complicado do que é, de facto. mas não é, acredita em mim. não tens que virar mais esquinas. pára, olha à tua volta. pára a meio do dia e tenta ver. pára a cada segundo e pensa que quem te rodeia te quer bem e feliz. falo por mim, pelo menos. vais ver, rita, que nem tudo é tão mau como pensas, que os dias não são todos ventosos, que os dias não são todos frios e que há muitos dias de sol para vir. e eu quero trazê-los para nós. sempre que um dia te esteja a ser ventoso quando tu achas que não merece, quando nuvens injustas taparem o teu sol e a tua alegria e vierem derramar a sua carga negativa sobre ti, vem ter comigo. vem ter comigo porque, debaixo do meu casaco - seja ele qual for, daqueles que tu tanto gostas - há sempre um lugar para ti. debaixo do meu casaco há sempre um sol a brilhar para ti. debaixo do meu casaco há sempre uma força super especial que tentará afastar todas as tuas nuvens más e que tentará secar todas a gotas que cairam sobre ti. debaixo do meu casaco terás sempre um abraço sincero. terás sempre, para ti, dois braços abertos à tua espera, mesmo que o dia seja de sol.


não precisas de virar mais esquinas rita. a tua paragem é aqui.