28.6.10

eu não gosto de ser aquela que fica de parte, aquela que nunca sabe o que se fala, o que se passa. não gosto de sentir que as pessoas começam a afastar-se de mim porque eu não estou lá como todos os outros. não gosto de ser a menina dos papás que nunca pode fazer nada.

eu só queria ter a oportunidade que fazer algumas coisas que toda a gente da minha idade, ou quase toda, faz. eu só queria essa oportunidade. e este verão ainda não começou. dói-me tanto. dói-me mesmo muito. nem todas as lágrimas que já chorei são capazes de mostrar como me dói tudo isto. como me doí estarmos quase em julho e eu não ter ido à praia como deve ser uma única vez porque os meus pais não deixam. de estarmos quase em julho e de ainda estar em ílhavo a dormir, porque o meu pai decidiu ser do contra e dizer que não vamos para a costa porque não. doem-me essas coisas do meu pai, que parece fazer de conta que nunca foi (e é) filho, que parece que nunca passou pela mesma fase que eu passei. agora diz-me, porque é que eu tenho que me submeter a isto? porque é que quando eu peço para me terem em consideração vocês parece que não ouvem, parece que não estou cá a dizer o que digo. porque é que tenho que ouvir da tua boca, mãe, que sou a razão pela qual tu e o pai discutem? porque é que o dizes? porque é que dizes que, por discutirem, qualquer dia rompem de vez? porquê? eu sou vossa filha e não devia ter que ouvir isso, muito menos da tua boca, mãe. e tu sabes, tão bem como eu, que o verão já não vai ser verão como foram os outros. já perdemos o que mais gostávamos na costa, já perdemos isso. aquele cheiro de que tanto gostamos. e porquê? porque não fomos para a costa porque o pai disse que era porque não. apenas por isso. por uma criancice do meu pai, por uma luta que ele começou e que não conseguiste superar. é injusto, para mim. não digo que não o seja para ti, não digo que não o seja para o pai. mas para mim, é. é injusto eu não poder aproveitar o que a vida me dá, o que a vida nos deu a nós porque o que temos não é apenas meu, nem apenas vosso. é de todos. e, se vocês não o querem aproveitar, têm mais que aceitar que eu quero, que eu preciso de aproveitar.não quero deixar os meus sonhos morrer. se eu não aproveitar agora, quando o farei? e dói, eu sei que vos dói ver-me crescer. eu percebo que vos seja difícil este confronto que vos faço diariamente, que vos seja difícil arranjar respostas para todas estas perguntas. eu sei que é difícil. mas também ninguém disse que seria fácil. e não se esqueçam, vocês já tiveram a minha idade, e podem lembrar-se de como isso era, e podem tentar perceber as minhas angustias, as minhas crises que são próprias da idade. mas eu nunca fui da vossa idade, nunca fui mãe nem pai, e, por muito que eu tente perceber, por muito que eu me ponha no vosso lugar, nunca vou saber o que sentem mesmo. só o vou saber quando por aí passar. mas, por favor, tentem lembrar-se de como era, quando tinham a minha idade. por muito diferentes que as coisas estejam, há delas que ficam sempre iguais.

desculpem-me por crescer, mas é assim que a natureza ordena. o tempo passa e não perdoa. mas, por favor, não ignorem as minhas mágoas e não as façam menos relevantes do que são. porque, como se devem lembrar, isto parece o fim do mundo.

27.6.10

daniela



ultimamente tens-me andado um pouco atravessada no meu pensamento, e acho que é por isso que ando assim tão afastada de todos os que fazem parte da minha vida agora.
olha como mudámos. olha para nós aqui, olha para o que nós éramos e para o que nós prometemos não mudar nunca. e olha para nós agora.
ainda tenho atravessada em mim a separação que só a mim me custou e que para ti foi, segundo me pareceu, indiferente.
olha para as fotografias e penso no presente.
olha para ti agora, tão diferente do que eras.
ainda ma custa a crer que deixei que se pusessem no nosso caminho.
e agora, que penso no facto de ires repetir um ano. agora, que penso que te 'ultrapassei' de alguma forma e que 'perdeste' um ano da tua vida. agora, que penso no que regrediste na tua vida por coisas fúteis que pensava que não te importavam. agora eu tenho pena. tenho pena que te tenhas perdido por pessoas que não têm valor nenhum.
sei que posso soar convencida, sei que posso soar mal ao dizer que te faço falta, que te fiz falta quando fui para aveiro e que tu não tiveste força para por o teu orgulho de lado para me poderes dizer isso. sei que posso soar mal quando digo que te tornaste noutra pessoa, nessa pessoa que te comanda. que te tornaste naquilo que tanto criticavas. sei que posso soar muito mal mesmo quando digo que quero que isso se foda. que quero que se foda o facto de estares assim.
eu quero que cresças, só isso. cresce, daniela, cresce.
agora que vais mudar de escola e que vais ter que te integrar num grupo que já está formado sem que ninguém te apoie. agora é que é altura de crescer, visto que não o fizeste antes.
e se as pessoas acham que eu já não sou tua amiga, é porque não sabem o que é isso. porque, como eu aprendi e como eu sempre digo: amigo não é aquele que, quando está mal, diz que está bem. não é aquele que diz que tu é que tens sempre razão. não é aquele que te diz que a tua mãe exagerou na reacção. não é aquele que só chora contigo. não é aquele que aceita um 'não se passa nada' como resposta quando sabe que se passa alguma coisa. não é aquele que te dá umas palmadinhas no ombro. amigo, é aquele que te diz que está mal, quando está mal, e que diz que está bem quando está mesmo bem. amigo, é aquele que confronta duas partes e que pondera e conversa contigo. amigo, é aquele que chora contigo e por ti, mas também ri e faz sentir bem. amigo, é aquele que não descansa enquanto não te arranca tudo de mau que trazes contigo, é aquele que te abraça sem ser preciso pedires. amigo, é quem está lá mesmo parecendo não estar. e, se as pessoas acham que eu não já sou tua amiga só porque não falo contigo, enganam-se. assim como tu também deves estar enganada. se há coisa que eu quero, é que tu sejas feliz e que tenhas pessoas à tua volta que se preocupem contigo e que gostem de ti simplesmente por seres o que és, como és.
já vão quase dois anos que tirámos esta foto, lembraste do dia? dois anos que passaram.
já vão mais de 5 meses que não falamos, quer dizer, que eu não te digo nada, porque sem falar já estamos para aí à um ano. 5 meses e eu continuo a pensar em ti, continuas a doer-me cá dentro. será que isto é justo? será que para ti desapareci, que não te faço falta nenhuma? e dói-me tanto ter estas perguntas cá dentro. e vai doer-me mais quando tiver a certeza dessas respostas que já se fazem tão evidentes. é claro que é justo, até parece que nunca ouvi dizer que cada um tem aquilo que merece. é claro que não te faço falta, é claro que não te afecto se passo por ti na rua sem te dizer nada. é claro que, para ti, já não existo, que já desapareci. caso contrário, tu tentavas alguma coisa. caso contrário, não te fechavas no quarto de cada vez que vou a tua casa.
não te disse nada ainda. não te mostrei nada comparado ao mal que me faz ver-te tão desfigurada. mas eu tentei.
eu tentei dizer.
hoje fiz uma coisa que não sei se devia ter feito.
mas já a fiz.
verão, quero-te.
tentei eu gritar-lhe.
verão, quero-te, não me deixes.
não vale a pena gritar-lhe mais e implorar-lhe que venha, implorar-lhe que fique, implorar-lhe que nunca mais vá embora porque eu não consigo ficar longe dele.
vem verão, vem. não me deixes aqui assim, sem ti.

23.6.10

Verão

querem roubar-te de mim, Verão, que tanto me és desde que me lembro. querem roubar-me o cheiro a são joão da Costa, querem roubar-me os por-do-sol que sempre via e que sempre lembro. querem roubar-me os teus salpicos do mar e o barulho das tuas ondas. querem roubar-te de mim, Verão, como se lhes pertencesses. querem apagar de mim todas as marcas que me deixas, querem que já não haja magia à noite, que já não haja praia por todos os lados e sol e vento e areia e mar e céu. já não te querem em mim, como se tu fosses dispensável, como se tu não valesses nada para ninguém. mas, para mim, vales. e vales muito, Verão dono do Sol, rei dos meus dias. vales tanto que quase ninguém faz ideia. o Verão que me ajuda a pensar, que me purifica. querem roubar-te de mim, a ti, que quase te sinto como um Pai.
Verão, vais deixar?

21.6.10


hoje pergunto-me se não serias mais feliz do que és, se eu não existisse como existo para ti. às vezes, imagino-te tão mais feliz sem mim que começo a pensar que sou só eu que te vejo feliz ao meu lado e que só eu sou feliz neste amor.
já há algum tempo em que penso este é o amor da minha vida, por muito que eu pensasse que não acreditava nisso. já viste como mudei tanto contigo, meu amor? e penso na minha vida contigo ao meu lado, nos bons e nos maus momentos.
imagino-te pai dos meus filhos.
mas depois, como pessoa racional que não consigo deixar de ser, tenho muitos pesadelos em que sonho que tudo vai acabar de uma forma que eu nunca imaginara. acontece alguma coisa e acaba tudo, muito mais depressa do que começou e, dias depois, vejo-te mais feliz que nunca com outra pessoa.
e eu choro, choro muito, porque, apesar de estares mais feliz, custa-me ver que 'perdeste' tempo comigo quando podias ter sido muito mais feliz com essa outra pessoa. e vivo feliz, mas nesse desassossego constante de que os meus pesadelos se tornem realidade e acabe tudo. tenho medo que te levem embora porque te amo demasiado para que te levem agora. tenho medo que descubras em mim coisas que tu não gostas e que não consigas abstrair-te delas para ficares comigo.eu amo-te tanto, meu amor. e eu juro por tudo que so te quero bem.
e eu sei, eu sei que agora dizes que é comigo que estás bem, eu sei disso. mas tambem sei que se mudam as verdades e que a verdade de hoje pode não ser a verdade de amanhã. mas só te peço uma coisa: se hiuver algum dia em que a tua felicidade ao meu lado acabe, diz-me. eu só quero é ver-te feliz, muito feliz.
amo-te e sinto a tua falta Sol.

tenho quase a certeza que podia ter escrito alguma coisa linda sobre isto.

16.6.10


hoje é um daqueles dias em que parece que tudo o que fazemos é mal feito. um daqueles dias em que devíamos ter ficado na cama sem mexer, em que devíamos ter ficado calados, em que devíamos ter calado os pensamentos que nos torturam o interior do crânio e da alma. hoje não está a ser um bom dia, e não me perguntem porquê, porque eu não sei.

amanhã já passa.

amanhã vai ser mais fácil não sentir.

amanhã vou ter paz.

14.6.10

13

já me deste muito mais meu amor.
obrigada.

3.6.10


é rara a pessoa que não escreve bem quando perde um amor que tinha ou quando não tem um amor que deseja.