30.5.11

deixaste as unhas crescer e entraste dentro da minha cabeça.

arranhas-me o interior do crânio com pequeníssimas coisas que fazes e que não fazes.

que se passa?

26.5.11

carol, inês e francisca

hoje, sinto uma dor muito agarrada a mim.

uma dor que não sai, uma dor que me entrou no corpo e se cravou por dentro da minha pele, em cada centimetro quadrado de coisa que é minha.

em cada milimetro quadrado da minha alma.

e sinto-a porque senti hoje, que algo estava errado, não sei.

senti-a, hoje, porque eu quero ficar convosco sempre.

quero viver as coisas ao vosso lado.

sei que parece estranha, esta dor.

mas é o que sinto.

e tambem sinto que não posso deixar de vos dizer que a sinto.

eu sinto-a, à dor.

sinto que é a dor da separação.

gosto muito de vocês.

23.5.11

à noite, quando me deito depois de todo o cansaço que carreguei ao peito o dia inteiro, penso em ti. penso em ti porque ainda me custa crer no que fizeste.

e dou por mim a pensar: 'e quem me dera que nunca lhe tivesses possuído o corpo, a ela que está sempre tão longe de ti. e quem me dera que essa imagem não me ficasse cravada no crânio de tanto a querer esquecer. e quem me dera que nada disto tivesse acontecido.'

e tu tinhas-me aqui tão perto. tinhas-me sempre aqui.

talvez por isso a tenhas escolhido , a tenhas beijado, a tenhas consumido.

a ela.

especificamente a ela.

e onde fico eu agora?

sim, onde fico eu?

eu que te dava o meu corpo, a minha vida, a minha alma até.

onde fico eu?

eu fico onde tu me deixaste:

fico nos carris vazios da vida.

fico parada, desmaiada, esperando o comboio da morte que não passa.

afinal, estes são mesmo os carris da vida.

19.5.11

já há, por esta altura, o cheiro.
o cheiro que eu adoro e que me faz mergulhar nas memorias de todos os meus Verões.
um cheiro que me apetece partilhar convosco, de alguma forma.
infelizmente, ainda não evoluíram os tempos para que, ao lerem o texto, consigam senti-lo.
mas acreditem, que, se tivesse possibilidade, guardava um bocadinho do cheiro dentro de uma garrafinha e levava-o para a vossa beira. embora estivesse descontextualizado, seria bom na mesma.
é o cheiro do por-do-sol do verão, o cheiro dos dias quentes, o cheiro das dunas.
e é lindo.
mesmo.

11.5.11

será que vamos ver o que sai daqui?

2.5.11

olho para ti, sentado na cadeira dura, desejando ser dono dela.


olho-te, do sofá meio vazio. o sofá que ressaca da tua presença. o sofá que quer ser teu como eu quero. como já quis.


olho-te de soslaio, combatendo os meus pensamentos que, ora te querem meu, ora não.


olho para ti, sentado desconfortavelmente numa cadeira dura que anseia carregar-te para sempre.


ambos sabemos que isso não acontecerá.


suspensos na cor pesada e no ar frio ficamos, pensando, afinal, o que vimos, um dia, em cada um de nós.


já nem o teu olhar vazio se enche, nem a minha silhueta, que deves ver meia apagada, se acende.