deixaste as unhas crescer e entraste dentro da minha cabeça.
arranhas-me o interior do crânio com pequeníssimas coisas que fazes e que não fazes.
que se passa?
com teus dentes no chão
olho para ti, sentado na cadeira dura, desejando ser dono dela.
olho-te, do sofá meio vazio. o sofá que ressaca da tua presença. o sofá que quer ser teu como eu quero. como já quis.
olho-te de soslaio, combatendo os meus pensamentos que, ora te querem meu, ora não.
olho para ti, sentado desconfortavelmente numa cadeira dura que anseia carregar-te para sempre.
ambos sabemos que isso não acontecerá.
suspensos na cor pesada e no ar frio ficamos, pensando, afinal, o que vimos, um dia, em cada um de nós.
já nem o teu olhar vazio se enche, nem a minha silhueta, que deves ver meia apagada, se acende.