18.12.11

 meu dia de sol chegou para afastar as nuvens que pairavam por cima da minha alma.
obrigada 

14.12.11

ainda bem que não estás cá para ver as perguntas que trago nos meus olhos. a dorzinha que trago amarrada ao tornozelo. o vazio no peito.
hoje é uma daquelas noites em  que me apetece correr de volta para os teus braços. um daqueles dias confusos e maus. um momento de agonia interior que tu sabias aclamar, antes de tudo.
e, se ao menos não tivéssemos gasto as palavras, as lágrimas e os corações de tanta zanga e discussão. e, se ao menos não tivéssemos mudado o mundo e a nossa maneira própria de ser. e, se ao menos o tempo não tivesse vindo alterar aquilo que, um dia, sentimos..
ia agora ser mais simples o meu dormir e a minha calma. a minha paz.
hoje, agora, sinto a falta dos teus braços em volta do meu ser. sinto a falta dos teus lábios nos meus e das tuas mão nos meu pescoço.
e de pensar que já passámos o que passámos e, agora, nos tentamos parecer indiferentes.
tem andado gente à nossa procura e nós não temos parecido.
nem eu nem tu, que deixámos de ser dual unidade para parecer unidade individual.
no nosso nós desapareceu e aqui estou eu, longe de todos, até de mim. e tu aí ficas, não sei bem como.
há perguntas que não quero fazer. 

amanhã será um novo dia.
um dia de sol?

2.12.11

passei por aquela rua outra vez e olhei o lugar podre que ainda ali se encontrava.
levava comigo uma mão cheia de nada e a minha alma pesava como se se tratasse de um fardo.
passei por ali, onde já nao estava o que, um dia, tinha procurado e encontrado, ali, naquela rua.
é agora inverno, tão diferente da primavera que aqui passei.
a rua esta vazia, como o meu olha preso àquele lugar.
as minhas mãos estão vazias.
as minhas mãos estão cheias de nada.

25.11.11

temos que acordar para a vida porque andamos adormecidos.
ligo o piloto automático desde que me lembro e muito poucas vezes há um gesto improvável.
quero desafiar isso.
quero quebrar as barreiras invisíveis que me separam de outro mundo, tão mais cheio de possibilidades que este, que julgo conhecer.
quero abrir os meus braços e sentir o  abraço do sol.
quero fechar os olhos e sentir o vento frio na cara.
quero percorrer o caminho com os pés descalços para que possa sentir este chão que piso.
quero inspirar e sentir em mim toda a natureza de toda a parte.
depois, abrirei os olhos e percorrerei tudo voando com a minha alma pelos meus cantos perdidos de mim. é isso que, por vezes, nos falta.
vamos acordar.
agora é a hora.

22.11.11

apareceste-me de rompante à frente. não contava contigo ali, assim, fingindo não querer saber que eu ali estava. e tu sabias.
apareceste-me à frente e eu não te queria ver. nem pude escolher.
tive comichões nos pensamentos porque não me ocorreu a hipótese de te encontrar. eras o último que esperava ver ali.
por favor, quando voltares, avisa.

("Às vezes é tarde demais, para seguir em frente.
Às vezes é cedo demais, para voltar atrás.
O tempo também é inverso, à nossa vontade.
E às tantas o que nos atrai, já não é verdade.
Porque é fácil não estar no lugar marcado,
E é tão fácil seguir o caminho errado.

Às vezes eu não salto com medo de voar,
Às vezes eu não sonho, com medo de acordar.
Às vezes eu não canto, com medo de me ouvir,
Às vezes eu entendo, que é apenas um momento, e o melhor há-de vir.")




14.11.11

movo-me ao som de melodias lentas e tristes.

movo-me, no pouco esforço que faço de chegar ao chão para me apoiar.
não existe mais nada à minha volta.
tu foste e levaste contigo tudo.
passaste, rente à minha alma.
passaste, rente ao meu cheiro que quase mudaste.
passaste, rente ao meu corpo e fizeste-me suar de tanta força que fizeste para me arrancar o que era so meu.
fiz toda a que pude, porque o que é meu não podia passar a seu teu também.
balancei-me até ao chão, molhado, e ajoelhei-me, já sem forças.
um chão cheio de cacos e buracos e bocados de coisas que vivemos.
um chão que já não podia ter nada.
estou cansada.
preciso de uma casa nova.


6.11.11

não quero que aqueles que eu conheci sejam apenas memórias.

1.11.11

por vezes, o melhor que se faz é não dizer nada. é reduzirmos-nos à nossa insignificância e acreditar que o facto de abrirmos a nossa boca não vai ajudar em nada, que é o que realmente acontece na maior parte das vezes.
o melhor, é calar as palavras que sabemos certas naquele momento e amarra-las a um dos compartimentos do coração, de preferência ao mais movimentado, para que elas se deteriorem e nós esqueçamos que tivemos, um dia, a necessidade de as dizer travada.
calamos, então, favorecendo a situação dos outros mas nunca a nossa, que ficamos com o peso das palavras que não dissemos. que ficamos forçosamente entregues aos remorsos de não termos dito o que queríamos.
e a vida continua, independentemente das palavras que foram ou não ditas.
e nós, feliz ou infelizmente, continuamos com ela.

27.10.11

não quero as saudades.

26.10.11

fazes-me falta.
faz-me falta o amor que já vivemos, tão felizes sem dar conta.
fazem-me falta as palavras que guardo dentro de mim e que não solto nem por nada.
fazem falta as palavras que já soube de cor e que, agora, se desvaneceram da minha mente como se um vento gélido, da estação que se aproxima, aqui tivesse passado e me deixasse assim, de boca vazia e de coração murcho e seco, emaranhado em milhões de cordões feitos de pensamentos em branco.
é assim que me sinto, numa incerteza baralhada, misturada com memórias e desejos de futuros.
as palavras gastaram-se-me.
e agora, só me resta pedir que sigas a tua vida enquanto eu tento seguir a minha.
cheguei a muitas conclusões que constantemente acho erradas.
preciso de parar.
vou encostar o barco que o mar está bravo e, agora, mais que nunca, preciso do meu porto seguro para me abrigar da chuva que aí vem.
vou ficar atracada ao cais à espera de melhores dias, que eu sei que virão.
e eu sei que tu sabes que, se me quiseres encontrar, sabes bem onde procurar e sabes que vou soltar as amarras para velejar mais um pouco contigo por caminhos que ainda não conheci ao teu lado.
por agora, fico-me por aqui, pensativa, esperando que um novo raio de sol seque as minhas velas e que um novo fôlego as encha e me levem à descoberta de um mundo novo.
até já.
até sempre.

23.10.11

querido, mudei de casa.

16.9.11

afonso

quando te vi pela última vez, pedi que não te esquecesses de mim. pedi que me dissesses onde e como estavas, de vez em quando. não te posso exigir mais do que isso. na ultima vez que te vi, decidi que tinhas que perder o lugar em que te tinha, um lugar muito especial que pertencia a poucos. sei que não sabes o que significas para mim e isso dói-me tanto que nem imaginas.
por vezes, temos que deixar ir, por muito que isso custe. já tentei muitas vezes fazê-lo contigo, tantas que nem sei já quantas foram. mais uma tentativa falhei e mais uma tentativa tenho para te mandar a baixo do trono onde sempre te tive, quase desde que te conheço.
gostava de perceber porque crescemos assim, quase sem dar conta e porque é que a nossa amizade não cresceu connosco. continua a dar-me os murros que dás na barriga de cada vez que não respondes, de cada vez que passas por mim a fingir não me ver. vou ter um dia de paz, um dia destes, e aí talvez perceba a razão dessa tua indiferença.
ainda gosto de ti, por isso quero que sejas feliz.
se tiveres que voltar, voltas, e eu cá estarei para te abraçar quando mais precisares.
se não, repito: sê feliz e tem uma boa vida.

19.8.11



os tempos que ainda estão pra vir

já me trazem saudades

tento parar, só para poder ouvir

as falas da minha cidade


a cidade já se perdeu

por entre os passos que não dei

e depressa se arrependeu

dos caminhos por que me levei


observo, ao acordar

a cidade desfeita

que não me quer tolerar

que nem sequer me aceita

6.8.11

quarto 210

já perdi a conta dos dias de espera que por mim passaram.
estou sentada no sofá, já farto da minha forma, do meu cheiro e da minha espera.
espero uma resposta, um sinal teu.
tu que prometeste que estas paredes nunca iriam perder o amarelo vivo que tinham quando as nossas vidas mudaram inevitavelmente.
a máquina fotográfica empoeirada está montada no tripé, á minha frente, mas ainda não lhe mexi, acho que já perdeu a bateria por esperar por quem prometeu nunca sair, ou não demorar a voltar.
o amarelo vivo já desvaneceu e, junto ao tecto, é já meio cinzento de todos os cigarros que já fumei à espera da tua voz.
a minha alma morreu um pouco.
o chocolate, meio devorado por alguns bichos que entraram pela porta, que deixei entreaberta para ti, está cá. aproveita-se um pouco dele, se ainda apareceres.
as garrafas de favaios forram o nosso chão: bebi-as para tentar trazer-te de volta mas sem resultado.
a vontade de manter todo este cenário imaculado, tal como imaginámos, já quase esgotou porque a cada acordar eu podia verificar que a porta continuava entreaberta da mesma forma, as garrafas continuavam vazias, no chão, a máquina na mesma posição, esperançada como nunca poderei deixar de estar.
sinto a tua falta e tentei manter a linha que nos unia.
agora?
já não sei se a linha está unida ou não, infelizmente.
o quarto 210 perdeu o brilho.
sozinha não serei capaz de o manter e esta espera toda cansa e magoa.

voltas?

21.6.11



depois de tanto, saímos, mais leves em corpo e alma. mais felizes, ou talvez não, dependendo do que se tenha passado lá dentro. saímos, com o pé direito, ou o esquerdo, sabemos todos que isso não faz diferença nenhuma, não é?

saímos em manada pelo portão depois dos exames e a vida já segue para a frente.

a nostalgia de outros tempos passados próximos traz saudade e uma lágrima ao canto do olho. nada que nós não amainemos com um abraço ou dois, nada que não se enxugue, nada que não passe.

tudo passa como o tempo, não é?

até já, amigos.

14.6.11



hoje apetece-me fechar-te e nunca mais te abrir.

a frustração de não conseguir dizer-te nada é tanta que se me parte o coração por saber que eras quase um retrato meu e, de repente, deixaste de o ser.

se calhar a vida são mesmo fases e esta já acabou.

vou dar-te mais um pouco de tempo, a ver se te assustaste com a ameaça de te fechar.

talvez seja hoje o ultimo dia.

talvez não.

quem sabe?

8.6.11

hoje passeei na rua velha como se fosse nova.


como se fosse a primeira rua por onde passava.


com uma melodia antiga mas que me pareceu nova também.


e tudo me pareceu lavado.


a luz do sol poente mas alto, o alcatrão velho mas quase imaculado da estrada e a casa antiga mas acolhedora que sempre me trouxe à memória coisas boas de todos os tempos.


observei, à porta do meu lar, duas turistas que passavam devagar em direcção ao mar.


deve ser bom encontrar um sitio calmo como este para passar uns dias de reflexão, não acham?


e fiquei ao sol da rua, a fazer a fotossíntese para que o fim de tarde me corresse bem.


e correu.


1.6.11



eu tenho que escrever

devia fazê-lo

mas não quero

é assim a vida

será?

30.5.11

deixaste as unhas crescer e entraste dentro da minha cabeça.

arranhas-me o interior do crânio com pequeníssimas coisas que fazes e que não fazes.

que se passa?

26.5.11

carol, inês e francisca

hoje, sinto uma dor muito agarrada a mim.

uma dor que não sai, uma dor que me entrou no corpo e se cravou por dentro da minha pele, em cada centimetro quadrado de coisa que é minha.

em cada milimetro quadrado da minha alma.

e sinto-a porque senti hoje, que algo estava errado, não sei.

senti-a, hoje, porque eu quero ficar convosco sempre.

quero viver as coisas ao vosso lado.

sei que parece estranha, esta dor.

mas é o que sinto.

e tambem sinto que não posso deixar de vos dizer que a sinto.

eu sinto-a, à dor.

sinto que é a dor da separação.

gosto muito de vocês.

23.5.11

à noite, quando me deito depois de todo o cansaço que carreguei ao peito o dia inteiro, penso em ti. penso em ti porque ainda me custa crer no que fizeste.

e dou por mim a pensar: 'e quem me dera que nunca lhe tivesses possuído o corpo, a ela que está sempre tão longe de ti. e quem me dera que essa imagem não me ficasse cravada no crânio de tanto a querer esquecer. e quem me dera que nada disto tivesse acontecido.'

e tu tinhas-me aqui tão perto. tinhas-me sempre aqui.

talvez por isso a tenhas escolhido , a tenhas beijado, a tenhas consumido.

a ela.

especificamente a ela.

e onde fico eu agora?

sim, onde fico eu?

eu que te dava o meu corpo, a minha vida, a minha alma até.

onde fico eu?

eu fico onde tu me deixaste:

fico nos carris vazios da vida.

fico parada, desmaiada, esperando o comboio da morte que não passa.

afinal, estes são mesmo os carris da vida.

19.5.11

já há, por esta altura, o cheiro.
o cheiro que eu adoro e que me faz mergulhar nas memorias de todos os meus Verões.
um cheiro que me apetece partilhar convosco, de alguma forma.
infelizmente, ainda não evoluíram os tempos para que, ao lerem o texto, consigam senti-lo.
mas acreditem, que, se tivesse possibilidade, guardava um bocadinho do cheiro dentro de uma garrafinha e levava-o para a vossa beira. embora estivesse descontextualizado, seria bom na mesma.
é o cheiro do por-do-sol do verão, o cheiro dos dias quentes, o cheiro das dunas.
e é lindo.
mesmo.

11.5.11

será que vamos ver o que sai daqui?

2.5.11

olho para ti, sentado na cadeira dura, desejando ser dono dela.


olho-te, do sofá meio vazio. o sofá que ressaca da tua presença. o sofá que quer ser teu como eu quero. como já quis.


olho-te de soslaio, combatendo os meus pensamentos que, ora te querem meu, ora não.


olho para ti, sentado desconfortavelmente numa cadeira dura que anseia carregar-te para sempre.


ambos sabemos que isso não acontecerá.


suspensos na cor pesada e no ar frio ficamos, pensando, afinal, o que vimos, um dia, em cada um de nós.


já nem o teu olhar vazio se enche, nem a minha silhueta, que deves ver meia apagada, se acende.

23.4.11

precisava de uma surpresa boa

estou em baixo

22.4.11

sinto-me uma merda

20.4.11








O homem invisível ainda acha possível
abrir sorrisos à sua passagem. Mas não é fácil.
É pouco provável que algum dia
alguém repare na sua viagem rumo aos corações.

É por gostar que sai ao encontro
de quem tem a certeza de um dia o ter visto.
Só pra mostrar que o que hoje se vê de si
é o que sobrou da sua vontade de entrar nos corações.

O homem invisível ainda acha possível
regressar da viagem com recordações
de sorrisos novos em velhos conhecidos
que,
por fim,
deixem navegar os sentidos ao sabor das emoções.

O homem invisível nunca teve a coragem
de enfrentar as coisas tal como elas são…
Mas quem pode dizer que aí não há a intenção
de ter das coisas, não aquilo que elas mostram,
mas o que de melhor maneira encontra o coração.

O homem invisível ainda acha possível
abrir sorrisos à sua passagem. Mas não é fácil.
É pouco provável haver alguém que um dia
o acompanhe na sua viagem rumo aos corações.







nuno prata

17.4.11

porque é que eu não sei dançar?

7.4.11

dou por mim a sentir o cheiro da perda entranhado em mim.

o cheiro que entre nas narinas e se entranha no nosso cérebro como se nós tivéssemos que o carregar. entra nas nossas narinas e não é fácil de o tirar.

entra o cheiro do fumo das nossas memorias queimadas e vem mostrar-nos que o que se passou não foi apenas um pesadelo. entra o cheiro. corrói-se a alma.

e, quando menos espero, ele volta a entrar-me nas narinas e volta a trazer as memorias de um tempo que não desejo por nada voltar a viver.

enquanto me sento na cadeira no café e aprecio a pouca paisagem que o rodeia, lá vem o cheiro.

vem a memoria do cheiro e logo voltam as imagens negras.

volta tudo num instante.

desvanece-se o sorriso.

vai-se a vontade de me alegrar.

e vem a vontade de me afundar na cadeira vermelha do café.

tudo desaparece.

tudo desapareceu.

regressará?

4.4.11

desabafo

mãe: queres alguma coisa, kina? eu: não, obrigada...
mas eu quero mãe, eu quero que tudo volte ao normal. eu quero o pai que sempre quis ter e que sempre tive até há alguns anos a trás. o pai que me mima, que me faz sentir especial. o pai que agora me desapareceu... agora, quer dizer, há já algum tempo... o pai que eu ainda não consigo aceitar.

dói-me tanto o vida. dói-me tanto e não pode doer, não pode parecer sequer que dói.

dói por muitas coisas.


no outro dia olhei para ti e achei que devia despromover-te do cargo que tanto me esforcei por manter por ti. passaste por mim na rua e nem como desconhecida me trataste, nem como obstáculo ao teu caminho, nem como lata velha e amassada no chão, nem como nada. passaste por mim, com todas as tuas preocupações, tão distantes de mim, e nem te dignaste a reparar que era eu. e eu parei, no meio da rua, a olhar para ti e a pensar:

mas onde vais tu?

e só me apeteceu perguntar-te enquanto corria a trás de ti:

onde vais tu? eu estou aqui e preciso de ti, Amigo.

mas não, não o fiz. de facto, como muitos me dizem, eu dou demasiada importância as pessoas que não merecem o meu sofrimento.

só para que saibas, preciso de ti. mesmo que tu não possas estar comigo, ao menos um olá, tudo bem? quando passas por mim. ao menos uma mensagem, um mail, algum sinal da tua existência.

tu sabes o que se passou e mesmo assim nem ligas. nem lembras, nem nada.

telefono, não atendes. mando mensagem, não respondes...

desisto.

despromovi-te do cargo tão alto e quase exclusivo em que te tive.

Amigos há poucos, certo?

e eu já despromovi mais um.

28.3.11

fiquei sem casa, sinto-me estrangeira na casa que sempre acolheu todos os meus sonhos, os meus desejos.

tudo passará, certo?

24.3.11

Diz-me então porque é que o nosso amor leva sempre
tanto de nós
Não devia ser ele mesmo o nosso caminho?
E guiar-nos através da bruma
Não chegar a ser nem que só por um momento tão irreal

Sei que é uma coisa do meu eu
Isso até me lembra aquilo que não se deu
Coisas do meu eu
Na visão do meu ser
Vão até onde as consigo ver
Eu sei de um sentimento que é só teu
Eu projecto o meu momento que não se leu
Livre do teu eu
Na visão do teu ser
Vão até onde consegues ver

Nós podemos não ganhar
Mas o amor leva sempre a melhor
Mesmo que em sentido inverso
Deste nosso caminho
E nada nos podemos fazer
Enquanto o amor se deixar ser por um momento tão
irreal
Irreal, irreal
Tão irreal, irreal
Irreal, Irreal

Já notei o tal feitio que é só meu
E eu concordo na mudança que não se deu
É medo de ser teu
Eu receio o teu sim
Se a certeza não souber de mim
E tu crês que essa coisa não é vã
Uma página marcada para ler amanhã
Também devoras o que é teu
Precisas do que é teu
E diz-me então se acreditas que é por termos dado
pouco de nós
Não podemos já daí tirar o novo sentido
Eu também não queria ver
O nosso grande amor ser nem por um momento tão irreal
Irreal, Irreal
Tão Irreal
Irreal, Irreal

irreal

supernada

27.2.11

serei cego, então. e serei surdo e mudo também! esquecerei tudo quanto vi, senti e experienciei. esquecerei tudo isso. e cairei morto, frio, firme, perante o teu amor diabólico.
arrefecerei tanto quanto me foi possível e mais um pouco ainda.
gelarei.
e, quando me ajoelhar, involuntariamente, a teus pés para seguir as tuas ordens cheias de um vazio perturbador, aí mesmo eu me quebrarei como a camada fina e congelada de um rio ainda vivo, mas depressa podre.
ajoelhar-me-ei à tua beira como objecto putrefacto que irei ser.
e todo o mundo parará.
no momento em que eu cair e deixar de ser eu, no momento em que eu cair, ajoelhando-me perante todos os teus prazeres.
e já não serei eu, nem outro, nem nada!
já não serei pessoa rica nem escumalha.
serei, e serei sempre, aí sim, o monte de tralha inútil, o monte de tralha podre, o monte de tralha de nada.
serei, apenas, o que sempre quiseste que fosse.
nada.

11.2.11

o tempo fode-me a cabeça.

3.2.11

as lembranças doem.
vocês sabem que sim.

25.1.11

eu sei lá o que é que sou!
sei lá como sou e porque assim sou!
e agora pedem-me que me descreva com meras imagens?
pedem-me, ainda por cima, que eu diga porque é que essas imagens me definem?
vão masé pentear macacos ou fazer festas a cactos!
dizer o que me define... vá-se lá entender porque é que alguém quer que eu lhe diga isso!
eu sou o que vês.
talvez mais, talvez menos.

18.1.11

pensar que ainda há pouco estavas aqui. pensar que ainda agora sinto as tuas mãos no meu corpo, os teus lábios nos meus e os nossos cabelos inevitavelmente misturados.
dói de pensar que estiveste aqui. dói pensar que estavas e já não estás.
vem cá.
diz-me na cara que já não queres cá estar. beija-me e diz-me que o teu beijo não foi sincero. volta e diz-me, na cara, que já não és meu, que já não te sirvo.
volta.
volta e diz-me que já não me conheces. que já não me amas.
volta e usa-me já que não te sou nada. volta para me voltares a fazer sentir como merda que nunca deixarei de ser. volta para me dizeres que não vais voltar nunca.
mas, por favor, não tenhas a cobardia de não voltar. não digas que, ao não voltar, estás a ser forte porque ambos sabemos que isso não é verdade. volta para que eu te possa dizer que ainda te amo e para logo a seguir cair nos teus braços de tanta raiva que te tenho.
volta.
vais ouvir tudo aquilo que tenho para te dizer. volta para ouvires toda a merda que dizes que sou. volta para te deixares consumir por mim.
volta, que eu esperarei.
quando voltares, quando eu te disser tudo aquilo que eu tenho aqui para ti, então aí sim, podes ir. se ainda tiveres força para te erguer, como sempre tiveste. ergue-te como merda que nunca te disse que eras. essas coisas não se dizes.
ergue-te que, nessa altura, eu já desapareci.

14.1.11

estava tudo tão calmo e, de repente, começou a água a correr.
caiu água do céu como eu nunca vira antes. caiu mais água do que aquela que o céu podia suportar. e, depois de cair, tornava a subir. muita água escorreu pela minha terra, que se foi desprendendo. pouco a pouco, a água deste céu tão sagrado, destruiu a minha terra pecadora. a minha terra, que sempre fora um local seguro. a minha terra, segura, onde construi a minha casa, o meu lar. a casa que acolheu toda a historia da minha vida. a minha casa que cedeu à força das águas que caíram do céu sagrado. o meu lar que não conseguiu manter-se em pé por causa do céu sagrado, da água sagrada que caía para logo a seguir subir e voltar a cair. o que me custou abandona-la. o que me custou perceber que o meu lar, seguro, deixara de o ser. o que me custou crer que a água do céu sagrado desfez o que eu construí com tanto apreço. e o que me salvou foram os vizinhos que nunca tinha tido o vagar de conhecer.
devo a minha vida a estranhos que, de repente, se viram responsáveis pela minha vida.
mandaram-me uma corda a que me agarrei com toda a força. aquele era a minha ultima oportunidade para viver. era a corda que me ligava à vida. tanta água que me arrastou com a sua força sagrada. tanta água que veio e quase me levou, quase quase. mas, no fim, a força que venceu foi a minha, foi a dos que não me conheciam.
unidos, conseguimos.

6.1.11

hoje sinto a tua falta. mais que nunca.
quando acordei já não estavas e passei todo o dia com o pensamento pesado.
será que estavas lá quando adormeci?

4.1.11

as voltas que a vida dá são tantas. e, hoje, preferia não ter dado as voltas que a que me obrigas, vida ingrata.
hoje, preferia não me ter despedido de ti, preferia não te ter apressado, apesar do teu atraso. preferia não te ter olhado, rapidamente, uma ultima vez. hoje, odeio as voltas que a vida deu porque levaram ao que aconteceu. olhei para ti, apressadamente, uma ultima vez que não adivinhava ser mesmo a ultima, e logo te olhei outra vez quando já tinhas deixado de ser tu. chamaram-me a atenção as voltas que a vida de alguém deu nesse momento. voltas essas, que a tinham feito não parar enquanto tu, distraído como sempre, avançavas na passadeira.
odeio as voltas que a vida dá.
e de pensar que fui eu que acabei com as voltas da tua vida, porque te mudei e disse que tinhas que estar a horas. para ti, era indiferente, sempre assim fora. mas tinha que vir uma volta na tua vida. tinha que vir eu para abanar o teu mundo que, num segundo, mudou, que num segundo, morreu.
eu fui a volta definitiva da tua vida.
eu fui a volta da tua morte.
espero que um dia me consigas perdoar por ter sido a volta que ninguém quer dar. eu sei, tenho a certeza, que daqui não há volta, que a tua vida não vai mais voltar. e, se a tua vida não vai mais voltar, porque não há a minha também de acabar?