27.2.11

serei cego, então. e serei surdo e mudo também! esquecerei tudo quanto vi, senti e experienciei. esquecerei tudo isso. e cairei morto, frio, firme, perante o teu amor diabólico.
arrefecerei tanto quanto me foi possível e mais um pouco ainda.
gelarei.
e, quando me ajoelhar, involuntariamente, a teus pés para seguir as tuas ordens cheias de um vazio perturbador, aí mesmo eu me quebrarei como a camada fina e congelada de um rio ainda vivo, mas depressa podre.
ajoelhar-me-ei à tua beira como objecto putrefacto que irei ser.
e todo o mundo parará.
no momento em que eu cair e deixar de ser eu, no momento em que eu cair, ajoelhando-me perante todos os teus prazeres.
e já não serei eu, nem outro, nem nada!
já não serei pessoa rica nem escumalha.
serei, e serei sempre, aí sim, o monte de tralha inútil, o monte de tralha podre, o monte de tralha de nada.
serei, apenas, o que sempre quiseste que fosse.
nada.

11.2.11

o tempo fode-me a cabeça.

3.2.11

as lembranças doem.
vocês sabem que sim.