4.4.14

se calhar, pela maneira desconfortável como me encontro sentada na cama, meia desfeita.
se calhar, pela janela do quarto que está perra e que não consigo fechar.
se calhar, por não escrever tanto como escrevia.
se calhar, é por isso é que apetece ir apanhar frio e chuva la para fora. mas de uma maneira confortavel.
hoje nao me apetece ser eu, aqui, sozinha, agarrada a um sentimento que nao se abatia sobre mim há muito tempo.
e isto faz-me pensar que, se calhar, não deixei de ter coisas para escrever.
se calhar, so tenho medo do que eu me posso dizer a mim própria nestes monólogos que não servem a mais ninguem do que a mim.
quero ser bem.
como me parece que já fui.
mas sei que isso so me parece agora e que, na realidade, nunca vou achar que estou a ser quem devia ser no momento indicado.
se calhar, mais valia nao me preocupar tanto.
não pensar tanto na minha reforma. onde vou estar, com quem e porquê.
porque a vida tem que ser mais que esta constante preocupaçao com uma perfeiçao inantingivel.
uma utopia.
mas porque é que gasto a minha energia nisso?
em tentar fazer as coisas da maneira que acho correcta?
e ai, encontro, muito provavelmente, uma pequena parte da resposta à pergunta: quem sou eu?
a pergunta que não deixou de me ocupar a maneira de ser desde que comecei a ter tempo só para mim.
desde que comecei a conseguir exprimir-me de alguma forma que não se baseasse em acenar e sorrir.
e entao, escrevo para conseguir perceber melhor o que é que vai dentro da minha cabeça.
por isso é que anda tudo uma confusão.
porque é que não me falo mais vezes?