as voltas que a vida dá são tantas. e, hoje, preferia não ter dado as voltas que a que me obrigas, vida ingrata.
hoje, preferia não me ter despedido de ti, preferia não te ter apressado, apesar do teu atraso. preferia não te ter olhado, rapidamente, uma ultima vez. hoje, odeio as voltas que a vida deu porque levaram ao que aconteceu. olhei para ti, apressadamente, uma ultima vez que não adivinhava ser mesmo a ultima, e logo te olhei outra vez quando já tinhas deixado de ser tu. chamaram-me a atenção as voltas que a vida de alguém deu nesse momento. voltas essas, que a tinham feito não parar enquanto tu, distraído como sempre, avançavas na passadeira.
odeio as voltas que a vida dá.
e de pensar que fui eu que acabei com as voltas da tua vida, porque te mudei e disse que tinhas que estar a horas. para ti, era indiferente, sempre assim fora. mas tinha que vir uma volta na tua vida. tinha que vir eu para abanar o teu mundo que, num segundo, mudou, que num segundo, morreu.
eu fui a volta definitiva da tua vida.
eu fui a volta da tua morte.
espero que um dia me consigas perdoar por ter sido a volta que ninguém quer dar. eu sei, tenho a certeza, que daqui não há volta, que a tua vida não vai mais voltar. e, se a tua vida não vai mais voltar, porque não há a minha também de acabar?